RELATÓRIO NÃO-TÉCNICO (LAYMANS’ REPORT)
Na costa sul do Algarve, um grupo de pequenas ilhas desempenha um papel crucial. Chamam-se Ilhas Barreira, porque é exatamente isso que fazem: formam uma barreira entre o mar e a terra, permitindo que ali se desenvolva o rico ecossistema lagunar da Ria Formosa. Mas estas ilhas não são simplesmente uma barreira árida. Estão rapidamente a tornar-se um refúgio para aves marinhas que enfrentam dificuldades noutros locais. O projeto LIFE Ilhas Barreira tem protegido as Ilhas Barreira e promovido o seu potencial ecológico, com resultados promissores.
Aves marinhas
As Ilhas Barreira albergam a maior colónia reprodutora de gaivota-de-audouin (Larus audouinii) do planeta. Esta espécie está em declínio em todo o mundo — mas não aqui. Desde que se estabeleceram na região há uma década, o número de gaivotas-de-audouin tem vindo a aumentar constantemente na área. Especialistas dos parceiros do projeto ICNF, Ecotop-MARE/Universidade de Coimbra e SPEA contaram mais de 7000 ninhos em 2024, quase três vezes mais do que no início do projeto em 2019. E parece estar a expandir-se. Inicialmente, as gaivotas reproduziam-se apenas na Ilha Deserta, mas em 2022 colonizaram a vizinha ilha da Culatra, onde o seu número também tem vindo a crescer desde então. Esta é uma boa notícia, mas levanta desafios.

Ninho de gaivota-de-audouin. ©Luís Ferreira
Estar confinada a apenas alguns locais de reprodução torna a espécie especialmente vulnerável a ameaças como catástrofes naturais, predadores introduzidos e perturbações humanas. O projeto LIFE Ilhas Barreira abordou algumas dessas ameaças na principal colónia reprodutora da espécie, na Ilha Deserta.
Esta ilha é praticamente desabitada, mas as suas praias tornam-na um destino turístico popular. Os visitantes chegam do continente em barcos turísticos, desembarcam no pequeno cais da ilha e atravessam-na para ir à praia ou para comer ou beber algo no restaurante. Os turistas com barcos particulares também percorrem o sistema lagunar da Ria Formosa, ancorando ao largo da costa da ilha para desfrutar das suas águas.
Uma das ameaças à gaivota-de-audouin e a outras aves que nidificam na ilha é a predação por mamíferos invasores. Gatos e roedores exóticos não ocorriam naturalmente na Ilha Deserta; foram trazidos por humanos (intencionalmente ou não) e vêem nos ovos e crias de aves que nidificam no solo uma tentação irresistível. Um gato selvagem pode destruir dezenas de ninhos numa única noite (e já o fez aqui). Para garantir que a ilha continue a ser um refúgio seguro para as aves marinhas criarem as suas crias, a equipa do projeto removeu todos os gatos selvagens da ilha. Em colaboração com a Associação Animais de Rua, os gatos foram esterilizados e realojados em colónias de gatos em Faro. Para controlar a população de roedores e impedir que um grande número de ratos ameace as colónias de aves marinhas, a equipa do projeto colocou estrategicamente armadilhas de biossegurança para criar uma barreira nos pontos de entrada mais prováveis.
O projeto LIFE Ilhas Barreira desenvolveu também um plano de biossegurança, que detalha medidas e procedimentos para garantir que a ameaça dos predadores introduzidos na ilha se mantém baixa.
Embora a expansão da colónia de gaivotas-de-audouin para a Culatra crie uma rede de segurança para a espécie, gerir estas ameaças no novo local de reprodução será muito mais difícil, uma vez que a Culatra alberga povoações humanas.
Tendo em conta estas incertezas, outro resultado importante deste projeto foi a atualização do Plano de Ação Internacional para a Gaivota-de-audouin. Este plano, que abrange todos os países onde a espécie ocorre ou se reproduz, não era atualizado desde a sua criação há 30 anos, pelo que reunir estes países para cooperarem e assumirem compromissos conjuntos para proteger a espécie é um feito notável.
Considerando a importância da população portuguesa na situação atual da espécie, a equipa do projeto também defende que deve haver um compromisso nacional para proteger a gaivota-de-audouin, não só em terra, mas também no mar. Para tal, o projeto LIFE Ilhas Barreira apresentou uma proposta oficial para a expansão da Área de Proteção Especial da Ria Formosa para o mar, a fim de garantir que as áreas de alimentação desta e de outras aves marinhas também sejam protegidas.
Outra ameaça que o projeto visava combater era a perturbação dos ninhos, não só da gaivota-de-audouin, mas também da chilreta (ou andorinha-do-mar-anã, Sternula albifrons). Ambas as espécies põem os ovos diretamente no solo e dependem da camuflagem para se protegerem. Os ovos e as crias, de um castanho-acinzentado mesclado, passam facilmente despercebidos na areia; mas a camuflagem que os ajuda a esconder-se dos predadores também significa que podem ser facilmente pisados pelos banhistas. Ter pessoas constantemente a passar por perto também aumenta o stress dos progenitores e pode impedi-los de cuidar adequadamente dos ovos e crias, já que o seu comportamento natural é ficar longe do ninho para evitar revelar a localização do mesmo. Para reduzir a perturbação dos ninhos, os parceiros ICNF, Ecotop-MARE/Universidade de Coimbra e SPEA isolaram áreas em redor das colónias de chilreta e colocaram placas de aviso nas praias alertando as pessoas para a importância de manterem a distância, com resultados positivos.

Aviso numa colónia de chilreta. ©SPEA
Reduzir a perturbação dos ninhos foi também um dos comportamentos positivos realçados nas atividades de divulgação e educação do projeto. Um vídeo de animação apresentou a chilreta a públicos jovens (e não tão jovens); além de estar disponível online, o vídeo foi amplamente exibido em escolas locais, como parte do programa de educação ambiental do LIFE Ilhas Barreira, que visitou todas as escolas da região, alcançando um total de 6807 alunos. Para complementar as atividades da equipa e ampliar o seu alcance, o projeto produziu um Caderno Pedagógico, que permite aos professores explorar temas como aves marinhas, biodiversidade e conservação com maior profundidade e de forma independente.
Reabilitação de aves
A população de aves marinhas das ilhas terá mais hipóteses de prosperar se as aves puderem ser mantidas saudáveis, literalmente. Com isso em mente, o projeto LIFE Ilhas Barreira melhorou a capacidade do centro de recuperação de vida selvagem da região — o parceiro RIAS — para cuidar de aves marinhas feridas, doentes ou debilitadas. Graças ao projeto, o centro dispõe agora de mais e melhores equipamentos, incluindo um tanque de reabilitação para as aves marinhas praticarem natação e mergulho em busca de alimento, e o seu pessoal pôde melhorar os seus conhecimentos e competências através de formação específica.
Ao longo do projeto, 7562 aves marinhas foram admitidas no hospital RIAS, oriundas da região do Algarve: 5199 aves vivas e 2363 mortas. A maioria eram gaivotas: a gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis) foi a espécie mais comum, seguida da gaivota-d’asa-escura (Larus fuscus) e da gaivota-de-audouin. A principal causa de admissão foi o “síndrome parético”, uma condição que causa paralisia e diarreia. Graças ao projeto, foi possível identificar a causa deste síndrome: o botulismo.
Como parte do projeto, a equipa do RIAS desenvolveu um protocolo de tratamento padrão para aves marinhas debilitadas, que foi disponibilizado para outros centros de recuperação utilizarem, e também um protocolo de boas práticas para a reabilitação de aves marinhas.
No decorrer do projeto LIFE Ilhas Barreira, a equipa conseguiu devolver 3208 aves marinhas à natureza, após tratamento no RIAS.
Como resultado do projeto, não só conhecemos melhor as principais causas de mortalidade das aves marinhas na região, como também há uma capacidade melhorada para tratar aves marinhas e para detetar e monitorizar futuros surtos de doenças, o que poderá ser especialmente relevante num futuro próximo, uma vez que é provável que os surtos de gripe aviária aumentem.
Dunas
As forças do vento, das ondas e das correntes embatem contra as ilhas-barreira, remodelando constantemente estes bancos de areia. Uma componente crucial deste ecossistema dinâmico são as dunas cinzentas: as dunas de areia fixas e estáveis mais afastadas da orla marítima, que estão cobertas de vegetação. O projeto LIFE Ilhas Barreira teve como objetivo proteger as dunas cinzentas da Ilha Deserta através de uma abordagem tripla: investigar as causas da degradação das dunas cinzentas, remover plantas invasoras e reduzir o pisoteio.

Vista aérea da Ilha Deserta, com as dunas cinzentas bem visíveis. ©Luís Ferreira
Com base em dados históricos, uma das causas conhecidas da degradação das dunas cinzentas foi a chegada e o rápido aumento do número de gaivotas: os investigadores observaram uma relação direta entre a expansão das gaivotas e a degradação das dunas. Para analisar o potencial de recuperação das dunas cinzentas, os investigadores do parceiro CIMA criaram zonas de exclusão, bloqueando o acesso das gaivotas a partes das áreas mais degradadas, e monitorizaram o efeito nas dunas. Os resultados indicam que o tempo de recuperação das dunas será superior a vários anos, provavelmente devido às alterações no solo promovidas pelo pisoteio e pelo guano das gaivotas. A equipa observou que espécies vegetais oportunistas estão a colonizar a área afetada, alterando a comunidade vegetal e, consequentemente, o habitat, levando à fragmentação do habitat das dunas cinzentas na Ilha Deserta. No entanto, o sistema deverá ser capaz de se recuperar naturalmente se a pressão for reduzida ou removida.
Restaurando plantas nativas
Para restaurar este ecossistema crucial, a equipa do projeto removeu todas as espécies de plantas invasoras da Ilha Deserta. Com a ajuda de dezenas de voluntários, ao longo de quatro anos, uma equipa liderada pela SPEA — a entidade coordenadora do projeto — removeu quase 1,6 hectares de três espécies diferentes: acácia (Acacia saligna), agave (Agave americana) e chorão (Carpobrotus edulis). No caso do chorão, além da abordagem mais tradicional de arrancar manualmente as plantas, a equipa testou um novo método: o uso de lonas de cobertura. Esta planta rasteira forma tapetes ao longo das dunas, com gigantescos sistemas de raízes que a tornam difícil de remover. Para tentar facilitar o processo, a equipa espalhou lonas de plástico preto sobre as plantas, para reter o calor e impedir a entrada da luz solar, levando as plantas a morrer e a transformar-se em manta morta. Esta nova abordagem pareceu ser mais eficiente, embora, como em qualquer tentativa de controlar plantas invasoras, seja essencial monitorizar a área para garantir que não fiquem sementes perdidas, nem sejam trazidas posteriormente pelo vento ou por acidente — ou propositadamente. Foi aqui que a componente de divulgação do projeto voltou a desempenhar um papel crucial, sensibilizando para os impactos negativos destas plantas e animais invasores: o projeto produziu um guia sobre plantas invasoras.

Membro da equipa LIFE Ilhas Barreira a remover planta invasora. ©SPEA
O sucesso das ações do projeto inspirou um efeito em cadeia, levando as autoridades locais a começar a remover ou controlar espécies de plantas invasoras noutras Ilhas Barreira: a Ilha de Tavira e a Armona.
Para reduzir o pisoteio das dunas e os seus efeitos negativos, o projeto LIFE Ilhas Barreira melhorou os passadiços na Ilha Deserta. Para incentivar os visitantes a utilizar os passadiços, a equipa do projeto colocou painéis informativos ao longo do percurso, destacando os valores naturais da ilha. Em vez do típico folheto do projeto, a equipa do LIFE Ilhas Barreira produziu um mapa com informações úteis para os visitantes, que também destaca a vida selvagem das ilhas e como os visitantes podem ajudar a proteger este paraíso.
Quando aves e pessoas se encontram
Milhares de aves marinhas morrem todos os anos, presas acidentalmente nas redes de pesca. Uma equipa liderada pelo parceiro CCMAR trabalhou com os pescadores para evitar estes acidentes. Ao realizar quase 1000 inquéritos aos pescadores nos portos da região, a equipa identificou as redes de emalhar e tresmalho e as redes de cerco como os métodos de pesca com maior risco de captura acidental de aves marinhas, que ocorre principalmente durante o outono e o inverno.
Graças aos pescadores que os receberam generosamente, membros da equipa puderam embarcar como observadores em mais de 60 viagens de pesca por ano. Durante esses embarques, identificaram os momentos mais perigosos para as aves marinhas: quando as redes são lançadas e recolhidas. Se a rede não estiver completamente limpa, os restos de peixe atraem as aves, levando-as a mergulhar em busca deles e correr o risco de ficarem presas. No caso das redes de emalhar e das redes de tresmalho, o lento processo de afundamento durante o lançamento prolonga este risco até 100 metros do barco. Quando as redes são recolhidas, as aves marinhas são ainda mais atraídas pelos peixes presos nas redes: uma promessa de uma refeição fácil.
De acordo com os dados obtidos durante o projeto, as vítimas mais frequentes destes acidentes são os alcatrazes (Morus bassanus), os corvos-marinhos (Phalacrocorax carbo) e as gaivotas.
Na tentativa de evitar este problema, a equipa do projeto testou várias medidas para manter as aves marinhas afastadas dos barcos e das redes, incluindo o papagaio afugentador, uma espécie de papagaio de papel em forma de ave de rapina, e altifalantes que emitem chamamentos de alarme de aves marinhas. Mas a medida que se revelou mais eficaz é simples e nem requer equipamento adicional.
Durante o tempo que passaram a bordo, os observadores repararam que os pescadores muitas vezes limpavam o peixe imediatamente após a captura, enquanto a rede ainda estava a ser puxada. E descartavam os resíduos de peixe ao mar, juntamente com peixes de baixo valor ou sem valor comercial. Esta prática inadvertidamente fornecia uma fonte fácil de alimento para as aves marinhas precisamente num dos momentos mais perigosos — quando o risco de ficarem presas nas redes era elevado. Após essa observação, a equipa pediu aos pescadores que recolhessem os descartes em baldes ou caixas e só os atirassem ao mar durante a viagem de volta à costa. Também aconselharam as tripulações a adiar a limpeza do barco até a viagem de volta, pois a limpeza também lança pedaços de peixe ao mar, o que pode atrair aves. O resultado: menos aves marinhas a aproximarem-se do barco durante os períodos de maior risco de captura acidental. Esta medida simples e de baixo custo vale a pena ser experimentada noutros locais onde a captura acidental é uma ameaça para as aves marinhas. Como resultado do projeto, foi avaliada a possibilidade de replicar os testes de mitigação em Sagres, com o objetivo de reduzir a captura acidental e as interações na região, e verificar se o uso do papagaio afugentador poderia ser testado nesse local.

Em risco: aves próximo de barco de pesca. ©Magda Frade/CCMAR
Tal como em muitas zonas costeiras em todo o mundo, as cidades em torno das Ilhas Barreira estão também a lidar com um aumento da tensão entre as pessoas e as gaivotas-de-patas-amarelas. As gaivotas são atraídas pelos resíduos humanos, especialmente em torno dos portos de pesca e dos aterros sanitários. O projeto LIFE Ilhas Barreira incluiu esforços para compreender os efeitos da restrição do acesso das gaivotas a estas fontes de alimento antropogénicas.
No aterro, a equipa do projeto testou a presença de um falcoeiro durante o período de incubação das gaivotas, para impedir que se alimentassem dos resíduos. Esta medida foi tão bem-sucedida que, uma vez terminados os testes do projeto, a administração do aterro contratou um falcoeiro durante todo o ano.
Nos portos de pesca, a equipa descobriu que as gaivotas se alimentavam principalmente de restos descartados pelos pescadores durante a limpeza das redes. Para o mitigar, o projet concentrou esforços em sensibilizar os pescadores, incentivando-os a descartar os resíduos no mar durante a viagem de regresso — em vez de no porto — ou, se estivessem a limpar o equipamento em terra, a recolher os resíduos num balde e descartá-los de uma forma que impedisse o acesso das gaivotas. Infelizmente, estes esforços foram de certa forma dificultados pela ausência de infraestruturas adequadas: em muitos casos, os portos não dispõem de contentores adequados para a eliminação dos resíduos de pesca. A equipa observou também que, nos períodos em que o falcoeiro estava ativo no aterro, o número de gaivotas-de-patas-amarelas nos portos de pesca aumentava, embora isso nem sempre se traduzisse num maior número de gaivotas a alimentar-se nos portos.
Para permitir que este trabalho continuasse para além do projeto — tanto em termos de tempo como de localização — a equipa do LIFE Ilhas Barreira produziu um manual de boas práticas para reduzir as fontes de alimento antropogénicas para as gaivotas nos portos de pesca e aterros, que está disponível gratuitamente.
Perspetivas para o futuro
Ao longo de cinco anos, o projeto LIFE Ilhas Barreira restaurou e protegeu as Ilhas Barreira e lançou as bases para que as comunidades e autoridades locais garantam a proteção das dunas e assegurem que estas ilhas cruciais continuem a ser um refúgio para as aves marinhas, continuem a promover um sistema lagunar saudável e se tornem parte de uma paisagem terrestre e marítima mais bem protegida. Desde a remoção de plantas invasoras até à prevenção de capturas acidentais, os resultados e a experiência do projeto demonstram medidas eficazes e boas práticas que podem ser sustentadas na região e aplicadas em circunstâncias semelhantes noutros locais.
A equipa continuará os seus esforços para proteger a região, mas manter essa proteção a longo prazo exigirá uma ação concertada e estratégica por parte das autoridades locais e nacionais. Para proteger as Ilhas Barreira para as gerações futuras, as autoridades locais devem assumir a responsabilidade da monitorização e controlo contínuos de espécies invasoras e pelo fornecimento de infraestrutura adequada para o descarte de resíduos nos portos de pesca, por exemplo, e trabalhar com as autoridades nacionais para garantir a monitorização eficaz da saúde das populações de aves marinhas e a preparação para surtos de doenças como a gripe aviária. E, claro, para garantir que a área seja verdadeiramente protegida, é fundamental que as autoridades nacionais aprovem, implementem e façam cumprir a extensão da Área de Proteção Especial. Estas ações determinarão o futuro das Ilhas Barreira e do paraíso natural que sustentam.
O PROJETO LIFE ILHAS BARREIRA
Designação e nº: LIFE Ilhas Barreira – Conservação das Ilhas Barreira no Algarve para proteger espécies e habitats prioritários | LIFE18 NAT/PT/000927
Duração: setembro 2019 – julho 2025
Custo total: 2 278 736 €
Contribuição da UE: 1.681.939
Contactos: Joana Andrade | | www.lifeilhasbarreira.pt